Minha História na Umbanda
Posso dizer que a Umbanda para mim simplesmente aconteceu...
Sempre fui criada em colégio de freira e minha família inteira era
católica praticante. Mas apesar dessa educação cristã, sempre fui
apaixonada por questões tidas como ocultas.
Quando faltavam 2 dias para que eu completasse 9 anos, minha mãe
faleceu por conta de um câncer no ovário que se espalhou.
Pode parecer um pouco frio, mas eu mesma já havia pedido para que
Deus a levasse ou a curasse, pois o sofrimento dela já estava grande
demais. Eu não queria mais vê-la sofrer, mas também não queria
ficar sem minha mãe e tinha esperanças de que as coisas pudessem
voltar a ser como antes e não vou negar que cheguei até a duvidar
da existência Deus em muitos momentos, principalmente quando ela
de fato faleceu.
O fato, é que quando ela se foi, apesar da tristeza, parecia que algo
em mim já sabia dessa partida. Me preocupei, então em não ser um
problema para meu pai, que agora se encontrava completamente
sem chão e minhas irmãs que afinal de contas tinham a vida delas.
Mas Deus faz as coisas de uma maneira tão perfeita, né...
Mesmo estudando em um colégio de freiras, certa vez na hora do
recreio encontrei um livro. Lembro-me nitidamente do título e da
capa: “Guia Essencial da Bruxa Solitária”. Ele tinha uma mulher loira
na capa, com um caldeirão ao lado, tudo com um tom meio azulado.
Fiquei fascinada e logo comecei a ler e me encantar com a bruxaria
natural e posteriormente com a Wicca, que na época não era muito
conhecida como é hoje.
Tive alguns altos e baixos dentro da Bruxaria, mas logo algumas
pessoas ficaram sabendo e passaram a sentir uma certa confiança em
mim e apesar de muito nova (cerca de 13 anos de idade), pessoas
passaram a me procurar, perguntar e pedir coisas.
Algumas dessas coisas eu ensinava, outras eu fazia e outras eu
apenas orientava, mas de todas essas pessoas, duas em especial
foram peças fundamentais para que eu conhecesse um pouco sobre o
mundo espiritual.
O primeiro foi o Fernandinho. Um amigo da escola que tinha 14 anos
e chegou até mim apavorado dizendo que tinha visões de caveiras
e seres horríveis, mas que sua mãe não acreditava e que vivia o
levando a igreja, mas ultimamente, as visões só estavam piorando.
Como o boato de que eu era bruxa havia se espalhado na escola, ele
pensou que eu poderia ajudá-lo, mas eu não tinha ideia do que fazer.
Me lembrei então, de ter ouvido certa vez algo sobre Chico Xavier e
um centro espírita que tinha perto de onde hoje é o Shopping Anália
Franco.
Um dia, depois da escola, o levei até lá. Passei com ele na triagem,
onde ele contou o que acontecia e passou a fazer um tratamento
espiritual. Passei a ir a algumas palestras também e a conhecer um
pouco sobre o mundo dos espíritos.
Não muito tempo depois, chegou a mim, uma outra moça chamada
Cléia. Ela tinha 15 anos e me disse que estava sendo atormentada
por uma Pomba-Gira. Na ocasião, eu não sabia nem o que era isso.
Eu tinha uma amiga, chamada Mayla. Eu, com cerca de 13 anos e a
Mayla, com uns 25. Comentei com ela sobre essa menina, a Cléia,
e foi aí, que a Mayla me disse que trabalhava com uma Pomba-
Gira chamada Sete Saias. Ela pediu para que eu não contasse para
ninguém sobre isso e ofereceu ajuda.
Meu pai trabalhava o dia todo, dês de que minha mãe havia falecido,
e eu ficava sozinha. Marcamos um dia na minha casa, e pela primeira
vez, vi uma pessoa incorporar bem no meu quarto.
Começaram “sessões” constantes, mas não posso dizer que a Mayla
era o tipo de pessoa muito ajuizada...rsrs
E assim foi por cerca de 2 anos. Outras pessoas se juntaram ao
nosso grupo, e conversar com essa Pomba-Gira era um habito muito
comum. Na verdade, a tínhamos como uma de nossas amigas. Não a
víamos como a “Pomba-Gira”, e sim, como a nossa amiga.
Embora essa Pomba-Gira fosse uma Sete Saias, ela também dizia
que seu nome de batismo da sua última encarnação era Tâmara e era
assim que a chamávamos...Tâmara.
Eu não entendia muito bem na época, mas a Tâmara sempre me
dizia que estaria sempre comigo. Hoje, ela é a minha Pomba-Gira de
trabalho e a quem eu ainda tenho como uma amiga e não apenas
como uma Pomba-Gira, pois para mim, ela é muito mais do que isso.
Mas em fim...o tempo passou, e como era de se esperar, a vida foi
seguindo.
A Mayla se mudou e eu pensei que nunca mais veria a Tâmara
novamente.
Senti vontade então de conhecer um terreiro. E fui convidada por
uma amiga de escola a conhecer o lugar onde ela frequentava (aliás,
lá foi onde conheci meu ex-marido).
Passei a fazer parte da corrente deste terreiro e lá fiquei por quase 3
anos. Aprendi principalmente o que não fazer...rsrs
A casa era uma mistura de Umbanda e Candomblé. Vi muitas
coisas que hoje julgo como erradas. Mas tudo me serviu muito de
aprendizado. Foi lá, onde incorporei pela primeira vez e a primeira
entidade que incorporei na minha vida, foi uma Pomba-Gira.
O tempo passou e eu saí da casa. Fui para uma casa de Candomblé
de Angola. Com 3 meses que eu estava na casa, o Dirigente queria
me recolher para fazer as obrigações e me deitar. Foi neste terreiro
que eu soube que a Pomba-Gira que estava comigo era a Tâmara.
Liguei para a Mayla (que era quem a incorporava) e de fato, ela me
disse que a tempos não estava mais trabalhando com a Tâmara.
Disse também, que já nem estava mais na Umbanda nem no
Candomblé. Fiquei extremamente feliz em saber que minha amiga
agora estava comigo e finalmente entendi muitas coisas que em
outros momentos ela me dizia e que pareciam não fazer sentido.
Bom...mas eu não quis fazer a deitada. Tinha a sensação que alguma
coisa não estava correta e cerca de 7 meses depois, eu pedi para sair
da casa e isso se tornou um pesadelo, pois o dirigente não queria
me deixar ir embora de jeito nenhum, mas saí, finalmente...e pouco
tempo depoi, fiquei sabendo que o terreiro fechou.
Fiu então para uma outra casa chamada Templo das 7 Linhas. Desta
vez, uma casa de Umbanda e foi justamente esta casa que me
ajudou.
Conheci e passei a entender o que de fato é essa religião tão
maravilhosa. Sou grata até hoje por toda a ajuda que me deram lá.
Fiquei nesta casa por 3 anos. Aprendi muitas coisas e tive realmente
meu desenvolvimento de maneira saudável.
Aos poucos, fui aprendendo a diferença de cada entidade e a energia
de cada uma delas. Passei a ter segurança e me doar na hora de
incorporação. Minha maior dificuldade era incorporar caboclo. Muitas
vezes eu não conseguia, e foi nessa casa, onde eu perdi o medo da
incorporação, pois eu passei a entender o que a Umbanda é e o que
ela representa.
Depois de 3 anos, saí do Templo das 7 Linhas, pois comecei a fazer
faculdade e as Giras eram as sextas-feiras. Entrei em uma outra
casa, chamada Templo Sagrado Mamãe Oxum da Luz Dourada, que
seguia a mesma linha do terreiro anterior. Lá, aprendi mais um
bocado de outras coisas e minha visão foi se abrindo para o mundo
espiritual.
Entretanto, meu tempo nesta casa também chegou ao fim.
Chorei, sofri, me desesperei...duvidei, neguei, relutei. Queria largar
tudo e sair da Umbanda e de vez, mas não teve jeito...rsrs
Vim novamente parar na Umbanda...dizem que não adianta lutar
contra nosso destino, né...rs
Parece que esse é meu caminho mesmo e que não há como fugir
dele.
Hoje estou na Assossiação Alfa e Omega e tenho certeza que vou
aprender uma porção de outras coisas. Já entrei aprendendo muito e
passando a conhecer outras linhas que eu nem imaginava que existia,
como a linha cristã, por exemplo.
A cada dia eu me fascino mais com o mundo espiritual e me certifico
que a eternidade não é tempo o suficiente para aprender tudo o que
existe para ser aprendido.
Embora eu ainda tenha muitos momentos de recaídas, duvidas e
incertezas, eu agradeço muito por mais esta oportunidade que o Pai
Olorum coloca em meu caminho, de aprender mais sobre o mundo
espiritual nesta nova casa que eu acabo de entrar. E confesso que
logo no primeiro dia que pisei na casa, fui recepcionada por três
freiras que me levaram para conhecer o trabalho delas.
Como citei anteriormente, minha visão e minha percepção se abriu
muito nesses anos de constante desenvolvimento (pois é assim que
me vejo...em um constante desenvolvimento).
Sempre pude ver um pouco do mundo espiritual, dês de criança.
Mas de alguns anos para cá, isso se tornou mais frequente e fiquei
extremamente surpresa, quando vi freiras e outras entidades até
então por mim desconhecidas, entrarem no salão da Assossiação.
Uma nova fase se inicia na minha vida e estou ansiosa para saber
o que me aguarda e quais as maravilhas que ainda tenho para
descobrir sobre o mundo espiritual.
Agradeço muito a Babi e ao Édinho que me acolheram em um
momento tão difícil da minha vida, onde eu já havia desistido de tudo
em relação ao mundo espiritual e em relação a mim mesma.
Agradeço a minha irmã Patricia que não me deixou desistir e a Gisele
Baena que me apoiou muito quando eu estava perdida.
Agradeço ao Pai Olorum por mais uma oportunidade de crescimento.
E é claro...agradeço a Tâmara, que sempre esteve comigo, passando
por inúmeras batalhas espirituais e sempre me defendendo e estando
ao meu lado...Apesar do jeito meio de brava dela, garanto que seu
coração é enorme. Tenho muito carinho e gratidão por todas as
minhas entidades, mas não posso negar que a Tâmara é única para
mim e a ela em especial, meu “muito obrigada”.
Salve nosso Divino Pai Olorum!
Salve nossa Divina Umbanda!
Salve nossos Divinos Orixás!
E Salve as linhas de trabalho!
OBS: Desculpem pelo texto gigantesco...Juro que resumi o máximo
possível...rsrsrs